Resumo
O estudo tem como objetivo mensurar o peso do setor de TICs na geração de riqueza medida pelo Produto Interno Bruto – PIB do Estado de São Paulo. Para isso, são utilizadas as informações do IBGE e da Fundação Seade, do ponto de vista tanto das contas regionais, o que permite comparar o desempenho de São Paulo com o Brasil, como da cadeia produtiva das TICs com base nas atividades que compõem o segmento. Completando essa análise, examina-se o desempenho da balança comercial e do nível de emprego do setor de TIC do Estado de São Paulo, realizando, ao final, um balanço dos principais avanços e desafios das TICs no território paulista.
1. Introdução
A rápida evolução tecnológica e o uso crescente das TICs vêm gerando importantes e profundas mudanças na economia mundial. Essas transformações digitais, apesar de ocorrerem em ritmos variados, atingem todos os países e estão mudando radicalmente a forma como os cidadãos vivem, trabalham, consomem e interagem.
Os impactos do avanço do uso intensivo de novas tecnologias baseadas na “revolução digital” afetam desde o chão de fábrica até os padrões administrativos de gestão das empresas, alterando a dinâmica e a relação entre os setores econômicos. As cadeias produtivas passam a estar cada vez mais conectadas, com a produção de matérias-primas na quantidade e qualidade necessárias, mudanças na organização da produção, fruto da aproximação entre a indústria e os serviços, e surgimento de novas plataformas de negócios e interação com os consumidores, com clara tendência de ganho de participação do e-commerce e da logística automatizada e interconectada entre a indústria e o comércio.
Nesse cenário, o setor das TICs ganha relevância para o desenvolvimento econômico nacional, uma vez que a transformação digital permite a criação de novos produtos e negócios, intensificando
a troca de conhecimentos entre indústria e serviços, o que reforça a integração entre esses dois setores. Segundo Castellacci (2008, apud ALVES et al., 2019, p. 5), à medida que a evolução da indústria impulsiona o desenvolvimento de serviços avançados, estes acabam, por sua vez, contribuindo para o crescimento das atividades industriais. Essa relação favorece a competitividade industrial local e internacional da empresa, afetando positivamente sua atuação nas cadeias globais de valor.
Ademais, o grau de inserção das TICs e da digitalização na estrutura produtiva, tanto pelo lado da geração de Valor Adicionado como pelos seus efeitos qualitativos na inovação, na forma de produzir e consumir bens e serviços, se configura como um dos principais pilares do atual padrão de desenvolvimento econômico.
Na verdade, na fase atual, as TICs são habilitadoras do processo de digitalização da economia e pré-requisitos para entrar em várias cadeias globais de valor, uma vez que são elas que proporcionam os ganhos de produtividade na indústria (CNI, 2014). O desenvolvimento de determinado espaço econômico, inserido no “ecossistema” delineado e amalgamado pelas TICs, ocorre, de forma mais abrangente e dinâmica, quando equipamentos são ajustados em rede e plataformas gerenciadas por provedores de internet fornecendo novos acessos, conteúdos e aplicativos. Portanto, a importância das TICs está na construção da infraestrutura de informação e comunicação, ou melhor, no seu grau de sofisticação que permite a criação de inovações disruptivas em determinado espaço econômico (ALVES, 2020).
O desafio central é tentar mensurar como o uso das TICs e a difusão das avançadas tecnologias digitais em outras indústrias e setores da atividade econômica podem contribuir para o crescimento socioeconômico de uma região ou país, em termos de produtividade, inovação, competitividade e sustentabilidade.
Nessa linha de investigação, uma ampla variedade de estudos tem demostrado que existe uma correlação positiva entre TICs e crescimento econômico. A mensuração do potencial de crescimento desse setor tem sido discutida por muitos estudiosos, pois, além de não ser uma tarefa simples, vem esbarrando em desafios de diversas ordens, tais como as variadas e diferentes definições atribuídas à economia digital, que, associadas à dificuldade em definir seus limites, tornam a comparação entre a economia digital e o resto da economia uma tarefa difícil. Somam-se a isso a qualidade dos dados, os problemas com os preços e a invisibilidade da economia digital (BUKHT; HEEKS, 2017).
A despeito destas dificuldades, várias instituições estão mensurando a importância das TICs na economia mundial. De acordo com a OCDE (2014, 2015), em 2012 e 2013, o mínimo básico definido por dados do setor digital (TI/TIC) representou cerca de 6% do Valor Adicionado dos países que fazem parte da OCDE, alcançando cerca de US$ 3,5 trilhões, ou seja, aproximadamente 4,5% do PIB global, em 2015. Já para os países em desenvolvimento, os percentuais do PIB podem variar entre cerca de um terço e metade dos números globais da OCDE, baseados em dados restritos à economia da internet.1
Estudo da UNCTAD (2012), por sua vez, estima que os serviços de computador e software representam cerca de 1,5% do PIB em economias industrializadas e cerca de 0,5% do PIB nos países em desenvolvimento. Bukht e Heeks (2017) chamam a atenção para a existência de dados com estimativas ainda muito mais elevadas, abrangendo a economia digitalizada, como, por exemplo, os que sugerem que o valor do e-commerce, em 2013, foi de US$ 16,2 trilhões, pouco mais de 21% do PIB global (UNCTAD, 2015). E há ainda quem sustente que o tamanho da economia digital poderia alcançar a cifra de US$ 19 trilhões, 22,5% da economia global, em 2015. Estas estimativas levam em conta não só o que os setores TICs produzem de Valor Adicionado nas suas atividades próprias, mas também valores produzidos a partir da aplicação de TICs facilitadoras do avanço da digitalização nas relações econômicas.
Com efeito, a aplicação das tecnologias digitais, como inteligência artificial, aprendizado de máquinas, computação em nuvem, big data, automação de processos robóticos e utilização de impressoras em 3D,2 é uma das principais soluções inovadoras3 capazes de potencializar os ganhos de produtividade e de competividade, evidenciando sua contribuição no processo de desenvolvimento de uma economia.
A partir dessa perspectiva, o presente estudo tem como objetivo central mensurar o peso do setor de TICs na geração de riqueza medida pelo Produto Interno Bruto – PIB do Estado de São Paulo. Para isso, serão utilizadas as informações do IBGE e da Fundação Seade, do ponto de vista tanto das contas regionais, o que permite comparar o desempenho de São Paulo com o Brasil, como da cadeia produtiva das TICs com base nas atividades que compõem o segmento. Completando essa análise, será examinado também o desempenho da balança comercial e do nível de emprego do setor de TIC do Estado de São Paulo. Por fim, a última parte faz uma breve síntese dos principais avanços e desafios das TICs no território paulista.
2. Conceitos e atividades que definem as TICs
O conceito das TICs utilizado pelos institutos de pesquisa e agências de estatísticas brasileiras se pauta pela 4a revisão da classificação internacional baseada na nomenclatura ISIC (International Standard Industrial Classification) das Nações Unidas (UNCTAD, 2008).4 O IBGE e o Seade utilizam estes parâmetros e consideram que o setor das TICs constitui “a combinação de atividades industriais, comerciais e de serviços, que capturam eletronicamente, transmitem e disseminam dados e informação e comercializam equipamentos e produtos intrinsecamente vinculados a esse processo”.5
A construção de uma base de dados sobre as TICs, harmonizada internacionalmente, tem avançado bastante em diversas instituições nos últimos anos. Além das normatizações da ISIC, que apresentam uma abordagem abrangente das TICs, incluindo atividades de edição, impressão, vídeo, cinema e mídias, entidades como a Unctad, a Eurostat e a OCDE, por meio da Comissão Europeia Science Hub (Perspectivas da Comissão Europeia em P&D em TIC − PREDICT), definem as TICs de forma mais específica, aproximando-se do conceito de cadeia produtiva.
Tomando como referência a metodologia descrita no Relatório PREDICT (BENAGES et al., 2018), da Comissão Europeia Science Hub, e agregando mais algumas atividades relacionadas a esse segmento da cadeia produtiva, presentes nas contas regionais calculadas pela Fundação Seade, foi possível elaborar uma seleção de setores e atividades capazes de representar e mensurar a cadeia produtiva das TICs para o Estado de São Paulo.6
O elo comum desta cadeia produtiva é a conexão entre as fases de criação, produção e distribuição, dentro de um mesmo espectro tecnológico e mercadológico e que, no caso das TICs, são as tecnologias de informação e comunicação. Ou seja, a partir de um núcleo de atividades que operam diretamente estas tecnologias e que são necessárias para a sua existência orbita um conjunto de
setores complementares que estão inter-relacionadas ao núcleo em dois sentidos: se configuram como elos fundamentais para o seu desenvolvimento; e, pela importância dos serviços e produtos do núcleo, são imprescindíveis para a existência das atividades dos setores complementares.
Nessa perspectiva, para o cálculo da cadeia produtiva das TICs, foram consideradas no seu núcleo as seguintes atividades: a produção de software; os serviços de consultoria e apoio técnico às atividades das TICs; e os segmentos das telecomunicações, aqui incluindo o tratamento de dados e outros serviços de informação na internet, portais e provedores e a TV por assinatura, que estão dentro dos negócios das operadoras de telefonia. Os setores complementares dessa cadeia produtiva englobam a produção de hardware, o comércio atacadista e varejista de produtos TICs, a construção de infraestrutura das TICs e a produção familiar de tecnologias de informação e comunicação. A Figura 1 ilustra a cadeia produtiva das TICs, identificando tanto seu núcleo como as atividades e os serviços complementares.
Figura 1: Cadeia produtiva das TICs
Fonte: Fundação Seade.
A partir da seleção dessas atividades, foi aplicada a metodologia da PREDICT (BENAGES, et al., 2018),7 tendo como referência as informações da CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) para as atividades da cadeia produtiva das TICs, provenientes de quatro pesquisas estruturais do IBGE para o Estado de São Paulo: PIA (Pesquisa Industrial Anual); PAC (Pesquisa Anual do Comércio); PAS (Pesquisa Anual dos Serviços); e Paic (Pesquisa Anual da Indústria da Construção). Ressalte-se que, no caso da Paic, sua inclusão permite contabilizar as obras relativas à geração e distribuição de energia elétrica, bem como às de telecomunicações. Completando essa base de dados, foi adicionada a produção de TIC pelas famílias, calculada pelas contas regionais da Fundação Seade, que contabiliza os serviços de informação prestados pelas famílias. O Quadro 1 sintetiza o conjunto de CNAEs que fazem parte dessa cadeia produtiva das TICs, relacionando-as com as pesquisas do IBGE e da Fundação Seade.
Quadro 1: Composição das atividades e setores das TICs, Estado de São Paulo |
|||
Fonte | TICs | CNAE | Atividades e setores econômicos |
PIA | Indústria / Hardware | 2610 | Componentes eletrônicos |
2621 | Equipamentos de informática | ||
2622 | Periféricos para equipamentos de informática | ||
2631 | Equipamentos transmissores de comunicação | ||
2632 | Aparelhos telefônicos e de outros equipamentos de comunicação | ||
2640 | Aparelhos de recepção, repr. e amplificação de áudio e vídeo | ||
PAS | Software | 6201 | Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda |
6202 | Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis | ||
6203 | Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não customizáveis | ||
Consultoria e apoio técnico | 6204 | Consultoria em tecnologia da informação (PAS e PIA) | |
6209 | Suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação | ||
9511 | Manutenção de computadores e periféricos | ||
Voz, celular, tratamento de dados e TV por assinatura | 6110 | Telecomunicação por fio | |
6120 | Telecomunicação sem fio | ||
6130 | Telecomunicação por satélite | ||
6190 | Outras atividades de telecomunicações | ||
6311 | Tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet | ||
6319 | Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet | ||
9512 | Manutenção de equipamentos de comunicação | ||
6141 | TV por assinatura a cabo | ||
6143 | TV por satélite | ||
PAC | Comércio – varejo e atacado | 4651 | Atacado de computadores, periféricos e suprimentos de informática |
4652 | Atacado de componentes eletrônicos e equipamentos de telefonia e comunicação | ||
4751 | Varejo de equipamentos e suprimentos de informática | ||
Paic | Infraestrutura | 4221 | Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações |
Contas Regionais | Famílias | Estimado Seade | Serviços de informação das famílias produtoras |
Fonte: Fundação Seade.
A seguir, busca-se mensurar o peso do setor de TICs na economia paulista, tendo como referência o Valor Adicionado (VA) levantado pela Fundação Seade e pelas informações das pesquisas estruturais do IBGE, do ponto de vista das contas regionais do Estado de São Paulo, bem como das atividades e dos setores que integram a cadeia produtiva das TICs no território paulista. Nesse último recorte, são analisados também os resultados da balança comercial e do nível de emprego.
3. A importância das TICs nas contas regionais do Estado de São Paulo e sob a ótica da sua cadeia produtiva
3.1 O setor de TICs nas contas regionais do Estado de São Paulo
Diferentemente do conceito de cadeia produtiva, as contas regionais da Fundação Seade, seguindo as orientações da 4a revisão da classificação internacional baseada na nomenclatura ISIC (International Standard Industrial Classification) das Nações Unidas, agregam as atividades das TICs no setor de Informação e Comunicação. Nesse conceito, se contabilizou no Estado de São Paulo, em 2018, Valor Adicionado (VA) de R$ 103,6 bilhões.8 Em termos nacionais, verifica-se que, entre 2002 e 2018, a participação do VA paulista no total do setor no Brasil passou de 42,4% para 50,3%, registrando ganho de 7,9 pontos percentuais (Gráfico 1). Pode-se afirmar que a complexidade da economia paulista e sua capacidade de ofertar mão de obra especializada na área, combinada com a presença dos principais players ofertantes de TICs no território paulista, definem a importância destas atividades para o estado e sua relevância no Brasil.
A participação do VA do setor de TICs no VA da economia paulista, em 2018, atingiu 5,6%. A série histórica do PIB estadual mostra que o ano de maior peso das TICs no estado foi 2008, quando alcançou 6,1% do total do VA estadual. Se excluirmos o Estado de São Paulo do agregado nacional de 2018, a participação das TICs no VA total do país diminuiu para 2,5%, ou seja, menos da metade do registrado na estrutura da economia paulista (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Participação do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Valor Adicionado
Brasil e Estado de São Paulo, 2002-2018, em %
Fonte: IBGE. Contas Nacionais; Fundação Seade. Contas Regionais.
Ressalte-se que, entre 2002 e 2008, quando se compara o índice de volume do VA do setor de informação e comunicação (TIC) de São Paulo e do Brasil com o índice do PIB de São Paulo, percebe-se uma convergência entre seus ritmos de crescimento. No caso de São Paulo, o setor de TICs cresceu 4,9% a.a. neste período, acima da média do VA no estado (4,3% a.a.). No Brasil, o crescimento das TICs foi de 4,8% a.a., próximo ao resultado de São Paulo e acima da variação média do VA do Brasil (4,0% a.a.).
Esse comportamento está, em parte, relacionado à expansão da infraestrutura de comunicação, com os investimentos na modalidade 3G e 4G na telefonia celular (NERIS JR.; FUCIDJI; GOMES, 2014),9 e o avanço das TICs nas atividades econômicas no início do século XXI no território nacional e paulista. Da mesma forma, a Web 2.010 ganhou impulso neste período e com ela surgiram novas formas de interação entre empresas e usuários na criação de novos conteúdos e inovações. Entretanto, a partir de 2008, o avanço da implantação da telefonia celular 4G, que alicerçou as inovações produzidas nas áreas de software, tratamento de dados e provedores de internet, acabou gerando um ciclo de investimentos e novas competências no espaço econômico paulista, cujo reflexo foi a aceleração da expansão do VA das TICs no estado.
Entre 2008 e 2018, o VA das atividades de TICs em São Paulo cresceu 4,4% ao ano, mantendo o ritmo do período anterior, bem acima da expansão do PIB no período (0,8% a.a.) e da média Brasil do VA das TICs, cuja taxa anual de variação perdeu força, caindo para um patamar de 2,8% a.a. (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Índice do volume do PIB de São Paulo e do Valor Adicionado das TICs
Brasil e Estado de São Paulo, 2002-2018
Base: 2002 = 100
Fonte: IBGE. Contas Nacionais; Fundação Seade. Contas Regionais.
Outra forma de avaliar a importância das TICs no Estado de São Paulo é comparar o resultado do seu VA com o desempenho de outros setores econômicos. Em 2018, segundo o Seade, a participação do VA das TICs no total do estado foi superior ao peso da construção civil (3,7%), dos serviços de transporte, armazenagem e correios (4,8%) e um pouco mais da metade do total do VA gerado do comércio varejista e atacadista do estado (10,5%).
Em relação aos principais setores industriais, a geração de Valor Adicionado do setor de TIC na economia paulista foi superior à participação do VA das indústrias de alimentos (2,0%), material de transporte (1,8%) e do segmento farmacêutico e farmoquímicos (1,3%). A soma do VA das atividades e setores relacionados às TICs (R$ 103,6 bilhões), em 2018, representou 37,3% de todo o VA da indústria de transformação paulista (R$ 278,4 bilhões) (Tabela 1).
Tabela 1 – Valor Adicionado de setores econômicos e da TIC, Estado de São Paulo, 2018
Descrição do setor |
Em milhões de R$ (1) |
% |
Total do VA do Estado de São Paulo | 1.852.797 | 100,0 |
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) | 103.632 | 5,6 |
Comércio varejista e atacadista | 194.865 | 10,5 |
Transporte, armazenamento e correio | 89.132 | 4,8 |
Construção civil | 68.856 | 3,7 |
Agropecuária | 31.618 | 1,7 |
Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana | 30.415 | 1,6 |
Indústria de transformação | 278.362 | 15,0 |
Alimentos | 36.740 | 2,0 |
Material de transporte | 34.244 | 1,8 |
Farmacêutico e farmoquímicos | 23.553 | 1,3 |
Máquinas e equipamentos | 19.382 | 1,0 |
Refino de petróleo e coque | 16.946 | 0,9 |
Fonte: Fundação Seade. Contas Regionais.(1) Valores correntes de 2018. |
4. A cadeia produtiva de TICs no Estado de São Paulo: Valor Adicionado, balança comercial e emprego
4.1 O Valor Adicionado da cadeia produtiva das TICs
Com a aplicação da metodologia do relatório PREDICT (BENAGES et al., 2018), adicionada às informações de pesquisas estruturais do IBGE e das Contas Regionais da Fundação Seade, foi possível definir a cadeia produtiva das TICs no Estado de São Paulo. Seguindo essas métricas, em 2018, o VA para essa cadeia produtiva atingiu R$ 103,5 bilhões11 no estado. Como destacado anteriormente, a participação do seu Valor Adicionado na economia paulista foi de 5,6%, representando queda de 0,9 p.p. em relação a 2012 (6,5%).
Essa redução pode ser atribuída à menor participação das atividades vinculadas ao núcleo das TICs relativas a voz, celular, tratamento de dados e TV por assinatura, que passou de 3,3% (2012) para 2,4% (2018). Contribuiu para esse resultado a perda de dinamismo verificada na telefonia por fio e no negócio de TV a cabo, que vem perdendo relevância diante das plataformas streaming (Gráfico 3).
Gráfico 3 – Participação do Valor Adicionado dos setores da cadeia produtiva das TICs no total do Estado
Estado de São Paulo, 2012-2018, em %
Fonte: IBGE; Fundação Seade. Contas Regionais.
Observa-se ainda que os serviços vinculados ao segmento de voz, celular, tratamento de dados e TV por assinatura continuam mantendo a liderança, com cerca de 54% da participação do VA no núcleo das TICs, mas vêm perdendo importância com o crescimento dos segmentos de produção e concepção de softwares12 e de serviços de consultoria e apoio técnico em TIC. Esse movimento é reflexo do processo de modernização e digitalização das empresas em busca de maior competitividade e inserção nas cadeias globais de valor. Com efeito, a popularização dos smartphones e o avanço da implantação e atualização das plataformas digitais impactaram também nos segmentos de consultoria em TI e apoio técnico, voz por telefone sem fio, tratamento de dados e provedores de internet e TV por assinatura e infraestrutura.
Entre 2012 e 2018, no caso da produção de softwares, houve uma ampliação da participação no VA das TICs no estado de 19,7% para 26,6%. Esse desempenho contribuiu para o aumento da sua participação no VA do PIB paulista, que passou de 1,0% para 1,2%, no mesmo período, conforme apontado no Gráfico 3. No caso dos serviços de consultoria e apoio técnico, houve ampliação de sua participação no VA das TICs de 17,2% para 19,8% (Tabela 2), mantendo o peso de 0,9% no total do VA do Estado de São Paulo.13
Quanto aos serviços e às atividades complementares, o segmento de hardware, que engloba desde a produção de componentes elétricos e eletrônicos, equipamentos de informática e comunicação, transmissores de comunicação, até aparelhos telefônicos, dentre outros, registra queda na participação do VA das TICs no Estado de São Paulo de 34,6% para 22,4%, entre 2012 e 2018. Os segmentos de produção familiar e comércio (varejo e atacado) cresceram, respectivamente, de 21,4% para 31,2% e de 31,8% para 34,2%, nesse período.
É importante ressaltar que essa redução na participação do segmento de hardware pode ser explicada pelas constantes mudanças e descontinuidades da política de semicondutores conduzidas pelo governo federal.14 Reforça essa tendência a estratégia das companhias transnacionais atuantes nesse setor no país em reduzir a participação da produção local de manufaturados aqui montados, principalmente de componentes eletrônicos. Nesse caso, os resultados da balança comercial, analisados a seguir, ajudam a explicar este movimento.
Já os gastos em infraestrutura elétrica e de comunicações, que viabilizam a aplicação das TICs por parte das empresas e famílias, chegaram a participar com 13,5% do VA total do setor das TICs na economia paulista, em 2014, mas recuaram para 12,2%, em 2018. É importante lembrar que essas atividades dependem da evolução do marco legal e institucional destes segmentos e dos planos de investimento das empresas de energia elétrica e de telecomunicações.15
Tabela 2 – Valor Adicionado dos setores de TIC, Estado de São Paulo, 2012-2018
Setores do TIC | Em R$ milhões correntes | % no total do VA do Estado de São Paulo | ||||||
2012 | 2014 | 2016 | 2018 | 2012 | 2014 | 2016 | 2018 | |
TOTAL TICs | 84.024 | 91.054 | 94.230 | 103.529 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Núcleo | 66.433 | 69.967 | 73.879 | 84.296 | 79,1 | 76,8 | 78,4 | 81,4 |
Voz, celular, tratamento de dados e TV por assinatura | 41.980 | 41.358 | 38.932 | 45.178 | 63,2 | 59,1 | 52,7 | 53,6 |
Software | 13.058 | 16.886 | 20.050 | 22.421 | 19,7 | 24,1 | 27,1 | 26,6 |
Consultoria e apoio técnico | 11.396 | 11.724 | 14.897 | 16.698 | 17,2 | 16,8 | 20,2 | 19,8 |
Complementares | 17.591 | 21.086 | 20.351 | 19.232 | 20,9 | 23,2 | 21,6 | 18,6 |
Comércio – varejo e atacado | 5.587 | 6.965 | 7.533 | 6.569 | 31,8 | 33,0 | 37,0 | 34,2 |
Produção familiar | 3.757 | 5.116 | 5.227 | 6.009 | 21,4 | 24,3 | 25,7 | 31,2 |
Indústria – hardware | 6.086 | 6.161 | 4.964 | 4.303 | 34,6 | 29,2 | 24,4 | 22,4 |
Infraestrutura | 2.161 | 2.844 | 2.626 | 2.351 | 12,3 | 13,5 | 12,9 | 12,2 |
Fonte: IBGE, Pesquisa Anual de Serviços (PAS), Pesquisa Industrial Anual (PIA), Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), Pesquisa Anual do Comércio (PAC); Fundação Seade, Contas Regionais. |
Essas informações revelam que o setor de TICs no Estado de São Paulo vem seguindo o movimento dos players globais que se pautam pela utilização crescente de tecnologias digitais, como forma de ganhar competitividade. Além disso, a evolução da cadeia produtiva das TICs depende da forma como cada um de seus segmentos se relaciona, direta e indiretamente, com o movimento das empresas industriais, de serviços e do comércio, na busca por ganhos de produtividade associados à utilização da digitalização nos seus processos produtivos, gerenciais e de novas plataformas de negócios.
Com efeito, as companhias com maior capacidade financeira e contando com o apoio de políticas públicas saem à frente nesse processo de modernização de seus ativos. Mesmo no biênio 2015- 2016, com queda expressiva do PIB, a crise forçou as empresas a explorarem as mídias sociais e as novas formas de negócios orientados aos clientes, áreas que se vinculam à gestão de informações na nuvem e na internet das coisas (IoT),16 para manter ou ampliar seus mercados específicos (MEI; CNI, 2018).
No entanto, resta saber se os gastos das empresas e das famílias com bens e serviços efetuados a partir de tecnologias digitais terão força para dinamizar o setor industrial fornecedor de hardware. Vale lembrar que esta indústria, no Brasil e em São Paulo, sofreu, ao longo das últimas décadas, descontinuação de políticas públicas de incentivos tanto do lado da criação de estruturas industriais locais como no desenvolvimento de tecnologias inovadoras.17
A opção tem sido importar as atualizações de equipamentos mais modernos dos principais fornecedores no mercado internacional, como é o caso, agora, dos investimentos da banda de 5G na telefonia. Portanto, o aumento da demanda de serviços e de equipamentos e bens de consumo relacionados às TICs dificilmente irá impactar a indústria brasileira e a paulista; ao contrário, será um fator para ampliar os déficits comerciais da indústria de transformação nesse segmento produtivo. Os efeitos benéficos destas importações será a possibilidade de agregar à estrutura produtiva os serviços digitais modernos e a indústria aderir de forma mais consistente aos parâmetros da manufatura 4.0.
4.2 A balança comercial das TICs: Brasil e São Paulo
Os dados relativos ao setor externo demonstram sua forte dependência das importações,18 em especial da indústria de hardware, principalmente de componentes, equipamentos elétricos e eletrônicos e semicondutores, procedentes da Ásia, notadamente da China. Entre 2010 e 2019, as importações paulistas dos produtos relacionadas à cadeia produtiva das TICs aumentaram, passando de US$ 6,9 bilhões para US$ 7,9 bilhões. Com esse resultado, São Paulo ampliou sua participação no total importado desses produtos pelo Brasil de 41,6% para 55,6%, no mesmo período, reforçando sua importância nessa cadeia produtiva de valor (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Valor das importações relacionadas ao setor de TIC
Brasil e Estado de São Paulo, 2010-2019, em US$ bilhões (FOB)
Fonte: Ministério da Economia. Comex stat; Fundação Seade.
Já do lado das exportações, em 2019, o Estado de São Paulo manteve sua liderança ao exportar 77% (US$ 541 milhões) do total das vendas externas brasileiras de produtos relacionados à TIC (US$ 703 milhões). Apesar dessa posição, houve uma redução de 45,5% no total exportado pelo estado em relação a 2010 (US$ 1,1 bilhão) (Gráfico 5). Dentre os produtos mais exportados, destacam-se: máquinas automáticas para processamento de dados; centrais automáticas de comutação de linha telefônica; aparelhos transmissores de telefonia celular; partes para aparelhos de telefonia; terminais portáteis de telefonia celular, bem como circuitos impressos com componentes elétricos ou eletrônicos, montados.
Gráfico 5 – Valor das exportações relacionadas ao setor de TIC
Brasil e Estado de São Paulo, 2010-2019, em US$ bilhões (FOB)
Fonte: Ministério da Economia. Comex stat; Fundação Seade.
4.3 A evolução do mercado de trabalho das TICs em São Paulo
Em relação ao emprego, verifica-se que o setor paulista de TICs manteve, entre 2010 e 2018, a participação em torno de 3% no total de empregos formais do estado. Considerando, no entanto, o número de empregos formais criados, verifica-se aumento de 5,4% no mesmo período. Em 2010, a ocupação formal medida pela Rais para o Estado de São Paulo foi de 379,5 mil postos de trabalho e, em 2018, esse número cresceu para 400,2 mil (Tabela 3).
Tabela 3 – Distribuição do emprego formal do setor de TIC, segundo subsetores, Estado de São Paulo, 2010-2018
Subsetores das TICs | 2010 | 2015 | 2018 | Variação (%) | ||||||||
Nos abs. | % | Nos abs. | % | Nos abs. | % | 2015/2010 | 2018/2015 | 2018/2010 | ||||
Total do Setor TIC | 379.538 | 100,0 | 425.452 | 100,0 | 400.209 | 100,0 | 12,1 | -5,9 | 5,4 | |||
Núcleo | 228.496 | 60,2 | 291.524 | 68,5 | 270.278 | 67,5 | 27,6 | -7,3 | 18,3 | |||
Voz celular, tratamento de dados e provedores de internet por assinatura | 95.059 | 41,6 | 112.528 | 38,6 | 94.877 | 35,1 | 18,4 | -15,7 | -0,2 | |||
Software | 48.895 | 21,4 | 85.088 | 29,2 | 88.893 | 32,9 | 74,0 | 4,5 | 81,8 | |||
Consultoria e apoio técnico | 84.542 | 37,0 | 93.908 | 32,2 | 86.508 | 32,0 | 11,1 | -7,9 | 2,3 | |||
Complementares | 151.042 | 39,8 | 133.928 | 31,5 | 129.931 | 32,5 | -11,3 | -3,0 | -14,0 | |||
Comércio – varejo e atacado | 62.091 | 41,1 | 56.548 | 42,2 | 52.470 | 40,4 | -8,9 | -7,2 | -15,5 | |||
Infraestrutura | 32.173 | 21,3 | 31.101 | 23,2 | 40.405 | 31,1 | -3,3 | 29,9 | 25,6 | |||
Indústria – hardware | 56.778 | 37,6 | 46.279 | 34,6 | 37.056 | 28,5 | -18,5 | -19,9 | -34,7 | |||
Em percentual (%) no total do Estado de São Paulo | 2,9 | 3,1 | 3,0 | |||||||||
Fonte: Ministério da Economia. Rais; Fundação Seade. |
Em termos da distribuição dos empregos, observa-se que os subsetores reunidos no núcleo, além de representar, em 2018, 67,5% (270 mil) dos empregos formais da cadeia produtiva das TICs, apresentou variação positiva de 18,3% entre 2010 e 2018, revelando a geração de quase 42 mil postos de trabalho. Esse resultado pode ser atribuído ao expressivo crescimento de serviços vinculados ao segmento de software,19 que passou de cerca de 49 mil (2010) para 89 mil (2018) empregos criados, significando aumento de aproximadamente 82% (40 mil postos de trabalho) no período (Tabela 3).20
Observa-se que essa variação positiva do núcleo é explicada também pela criação de quase 19 mil postos de trabalho, entre 2010 e 2018, nos subsetores de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação e de telecomunicações. Verifica-se, no entanto, redução de 21,1 mil postos de trabalho nos segmentos de TV por assinatura e outras atividades de telecomunicações. Essa retração deve-se em grande parte à ampliação dos serviços de streaming e à maior concorrência entre as empresas atuantes no setor de entretenimento.
Quanto às atividades complementares, entre 2010 e 2018, houve redução de 14% nos postos de trabalho com a supressão de aproximadamente 21 mil empregos. A maior queda ocorreu na indústria de hardware,21 que subtraiu 20 mil postos, representando redução de 35% em 2018 em comparação a 2010. Essa retração no mercado de trabalho está em consonância com o aumento das importações verificado ao longo dos últimos dez anos, comentado anteriormente. Já o segmento de comércio varejista e atacado, em vista da expansão crescente do e-commerce,22 acabou perdendo quase 10 mil empregos, indicando variação negativa de 15,5%, entre 2010 e 2018. Essas reduções, todavia, foram parcialmente compensadas pelo aumento de 8,2 mil postos de trabalho relacionados ao segmento de infraestrutura no mesmo período.
Do exposto, fica clara a contribuição do setor de TIC, em particular do segmento de serviços e produção de software, na geração de empregos, dado seu maior potencial de crescimento nos próximos anos no território paulista. O desafio, contudo, refere-se à formação e qualificação da força de trabalho para atender às novas exigências desse mercado digital. Nessa linha, a oferta de vagas nas Etecs e Fatecs estaduais e no Programa Via Rápida,23 com a criação de trilhas SP Tech, com o objetivo de oferecer cursos de formação continuada em TIC,24 parece ser correta e contribuir para a capacitação profissional neste segmento.25
4.4 Avanços e desafios do setor de TICs
Do exposto, fica evidente que os setores que compõem a cadeia produtiva das TICs avançaram bastante no Estado de São Paulo, já que sua participação em termos de VA encontra-se próxima ao padrão das economias avançadas, algo em torno de 6,0%.
Alguns fatores vêm potencializando esse desenvolvimento das TICs na economia paulista e devem continuar atuando neste sentido nos próximos anos, dentre os quais merecem destaque: a concentração de instituições de ensino de ponta, uma vez que quatro dos principais cursos de ciência da computação no Brasil localizam-se no Estado; a existência de cursos técnicos de capacitação, qualificação profissional e treinamento de mão de obra atuantes no Estado; a localização no Estado das empresas líderes do setor de TICs, nacionais e multinacionais, e suas filiais;26 e a instalação no interior do Estado, em particular nos municípios de Campinas, São José dos Campos e São Carlos, dos principais institutos tecnológicos do país.
Certamente essas variáveis, associadas à existência de parques tecnológicos, hubs de inovação, incubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, espaços abertos de trabalho cooperativo (coworking) e “fábricas do futuro” (testbeds, no termo em inglês)27 vêm proporcionando um ambiente estimulante de geração de conhecimento e disseminação da cultura de inovação, promissor ao desenvolvimento de novos modelos de negócios, a exemplo das startups.28
Ressalte-se, contudo, que, apesar desse contexto favorável, os investimentos em novas tecnologias digitais enfrentam uma série de barreiras, entre as quais podem ser listadas: o tipo de infraestrutura de rede de conectividade disponível; a forma de acesso;29 o tipo de uso que se faz da rede; as bases tecnológicas existentes; as habilidades e competências dos usuários; e as ações de políticas públicas setoriais e de inclusão digital.
Do ponto de vista da infraestrutura de rede e conectividade, a demora na aprovação do edital do leilão da tecnologia 5G tem limitado as novas oportunidades de aplicações de plataformas para soluções nas impressões em 3D, nos processos automatizados, nas tecnologias de blockchain,30 no monitoramento de frotas e no trabalho remoto, dentre outras possibilidades. Ademais, esta tecnologia, se, por um lado, pode ampliar a inclusão digital ao garantir maior cobertura no território nacional,31 por outro, requer regulamentação própria e segurança jurídica para garantir os altos níveis de investimentos necessários.
Por fim vale lembrar que esse setor, a exemplo de outros setores industriais, tem aumentado seu grau de dependência com relação à importação de produtos, em especial chips, sensores e semicondutores. Essa condição, além de introduzir custos crescentes que impactam na economia de forma diferenciada a depender do porte de empresas, dificulta a internalização do processo de modernização do setor, que fica exposto a riscos cambiais inerentes às instabilidades do mercado financeiro internacional e à política econômica doméstica.
Partindo dessas ponderações e do conjunto de informações organizadas no presente trabalho, pode-se concluir que os avanços nesse setor, dadas as rápidas transformações das tecnologias digitais, exigem mudanças constantes nos objetivos e instrumentos das políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como na preparação dos indivíduos para a transformação digital mediante educação e treinamento. São elas variáveis-chave para alcançar níveis maiores de competitividade da cadeia produtiva das TICs.
Em suma, oportunidades são inerentes neste processo de inovação, porém, a convivência com elevados níveis de desigualdade econômica, tanto de acesso às novas tecnologias como de renda, impõe a consolidação de políticas voltadas ao setor das TICs em articulação com a iniciativa privada, visando contribuir no processo de crescimento nacional. O esforço do presente trabalho foi mapear esse cenário em constante e crescente transformação.
Referências
ABES − Associação Brasileira das Empresas de Software. Mercado brasileiro de software: panorama e tendências,2019. São Paulo: Abes, 2019.
ABINEE − Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Impactos da Lei de Informática no Brasil. [S.l.]: Abinee, julho, 2018.
ALVES, A. T.; GOMES, R.; NERIS JR., C. O papel das TICs nas relações intersetoriais entre indústria e serviços. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 48., 2021. Anais […]. São Paulo: Anpec, 2021.
ALVES, A. T. Relações intersetoriais entre atividades industriais e de serviços: um estudo da indústria de Tecnologia da Informação e Comunicação. 2020. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Araraquara, 2020. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/192831/alves_at_me_arafcl.pdf?sequence=3&isAllowed=y.
BENAGES, E. et al. The 2018 PREDICT dataset methodology. JRC Technical Reports. Seville: European Commission, 2018.
BLANCHET, M.; MCKINNEY, J.; RASMUS, R. The race for digital operations transformation: the time for experimenting is over. [S.l.]: Accenture, 2020.
BRASIL. Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Produto 8 − Relatório do Plano de Ação: iniciativas e projetos mobilizadores. Versão 1.1. Brasília, novembro 2017.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI). Estratégia brasileira para a transformação digital, E-Digital. Brasília, 2018.
BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Perspectivas de especialistas brasileiros sobre a manufatura avançada no Brasil. Um relato de workshops realizados em 7 capitais brasileiras em contraste com as experiências internacionais. Brasília, nov. 2016.
BRASSCOM − Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Relatório Setorial de TIC 2017. São Paulo: Brasscom, 2018.
BRASSCOM − Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Relatório Setorial de TIC 2018. São Paulo: Brasscom, 2019.
BRASSCOM − Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Relatório Setorial de TIC 2019. São Paulo: Brasscom, 2020.
BUKHT, R.; HEEKS R. Defining, conceptualising and measuring the digital economy. Manchester, UK: Centre for Development Informatics Global, Development Institute, 2017 (Working Paper, n. 68). Disponível em: http://www.gdi.manchester.ac.uk/research/publications/workingpapers/di/.
CGI.BR − Comitê Gestor da Internet no Brasil. Painel TIC Covid-19. Pesquisa sobre o Uso da Internet no Brasil durante a Pandemia do Novo Coronavírus. 1. edição: atividades na internet, cultura e comércio eletrônico. São Paulo: CGI.br, 2021.
CGI.BR − Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas empresas brasileiras: TIC Empresas. São Paulo: CGI.br, 2020a.
CGI.BR − Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC Domicílios. São Paulo: CGI.br, 2020b.
CGI.BR − Comitê Gestor da Internet no Brasil. Desigualdades digitais no espaço urbano: um estudo sobre o acesso e o uso da Internet na cidade de São Paulo. São Paulo: CGI.br, 2019. (Cadernos NIC.br, Estudos Setoriais).
CHERVINSSKI, J. O. M.; KREUTZ, D. Introdução às tecnologias dos blockchains e das criptomoedas. Revista Brasileira de Computação Aplicada, v. 11, n. 3, p. 12-27, nove. 2019. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rbca/article/view/9394/114114824.
CNI – Confederação Nacional da Indústria. Serviços e competitividade industrial no Brasil. Brasília: CNI, 2014. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes/2014/12/servicos-e-competitividade-industrial-no-brasil/#servicos-e-competitividade-industrial-no-brasil%20.
DISTRITO. São Paulo Tech Report, 2020.
DELLOITE. Insights sobre transformação digital e oportunidades para TICs no Brasil. Relatório e recomendações. Edição n. 2. [S.l.]: Delloite, out. 2018.
EVANGELISTA, R.; GUERRIERI, P.; MELICIANI, V. The economic impact of digital technologies in Europe. In: SIE MEETING. Proceedings […]. Trento: Associazione Società Italiana di Elettronica, Oct. 2014.
MARQUES, F. O Brasil da internet das coisas. Revista Fapesp, edição 259, p. 18-27, set. 2017.
FILIPPIN, F. Estado e desenvolvimento: a indústria de semicondutores no Brasil. 2016. Dissertação (Mestrado) − Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, 2016.
GAETANI, F.; ALMEIDA, V. Empurrão digital para o pós-pandemia. Valor Econômico, A15, 25 fev. 21.
GIMENEZ, D. M.; SANTOS, A. L dos. Indústria 4.0, manufatura avançada e seus impactos sobre o trabalho. Campinas: Unicamp, nov. 2019. (Texto para Discussão, n. 371).
GUELLEC, D.; PAUNOV, C. Innovation policies in the digital age. [S.l.]: OECD, Nov. 2018. (OECD Science Technology and Innovation Policy Papers, n. 59).
HUAWEI INVESTMENT & HOLDING CO., LTD. 2019 Sustainability Report. [S.l.]: Huawei, 2019.
IBA − International Bar Association. Artificial intelligence and robotics and their impact on the workplace. [S.l.]: IBA Global Employment Institute, Apr. 2017.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O setor de Tecnologia de Informação e Comunicação no Brasil: 2003-2006 Rio de Janeiro, 2009.
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Indústria 4.0: a quarta revolução industrial e os desafios para a indústria e o desenvolvimento brasileiro. São Paulo: Iedi, 2017a.
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Indústria 4.0: o plano estratégico da manufatura avançada nos EUA. São Paulo: Iedi, 2017b. (Carta IEDI. edição 820).
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. As novas políticas de inovação na era da digitalização. São Paulo: Iedi, 2019 (Carta IEDI, edição 916).
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Digitalização e as cadeias globais de valor. São Paulo: Iedi, 2020a. (Carta IEDI, edição 989).
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Investimento, modernização e digitalização no Brasil. São Paulo: Iedi, 2020b. (Carta IEDI, edição 1017).
MATOS, F.; RADAELLI, V. Ecossistema de startups no Brasil: estudo de caracterização do ecossistema brasileiro de empreendedorismo de alto impacto. [S.l.]: BID, março 2020.
MEI − Mobilização Empresarial pela Inovação; CNI – Confederação Nacional da Indústria. Projeto indústria 2027: riscos e oportunidades para o Brasil diante de inovações disruptivas. Estudos de sistema produtivo tecnologias de informação e comunicação (TIC). Microeletrônica, equipamentos e sistemas de telecomunicação e software. Brasília, 2018.
NERIS JR., C.; FUCIDJI, J. R.; GOMES, R. Trajetórias tecnológicas da indústria de telefonia móvel: um exame prospectivo de tecnologias emergentes. Economia e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 2 (51), p. 395-431, ago. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ecos/v23n2/0104-0618-ecos-23-02-0395.pdf
OECD. − Organisation for Economic Cooperation and Development. Going digital in Brazil. OECD Reviews of Digital Transformation. Paris: OECD Publishing, 2020.
PWC. Industry 4.0: building the digital enterprise. [S.l.]: PwC, 2016. (2016 Global Industry 4.0 Survey).
RIVERA, R.; TEIXEIRA, I.; AZEN, C.; MIGUEL, H.; SALES, J.R. Microeletrônica: qual é a ambição do Brasil? BNDES Setorial, n. 41, p. 345-396, mar. 2015.
SOLOMON, E. M.; KLYTON, A. V. The impact of digital technology usag on economic growth in Africa. Util Policy, n. 67, Dec. 2020.
THOMPSON, P. Learning by doing. In: HALL, B.; ROSEMBERG, N. (ed.). Handbook of the economics of innovation. New York: Elsevier, 2010. v. 1, p. 430-476.
THORSTENSEN, A.; ZUCHIERI, V. M. Governo digital no Brasil: o quadro institucional e regulatório do país sob a perspectiva da OCDE. São Paulo: FGV, 2020. (Texto para Discussão, 529).
UNTACD − United Nations Conference on Trade and Development. International standard industrial classification of all economic activities. Revision 4. New York: United Nations, 2008.
UNCTAD − United Nations Conference on Trade and Development. Information Economy Report 2012: The Software Industry and Developing Countries, United Nations Conference on Trade and Development, Geneva: United Nations, 2012. Disponível em: http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/ier2012_en.pdf.
UNCTAD − United Nations Conference on Trade and Development. Information Economy Report 2015: Unlocking the Potential of E-commerce in Developing Countries, United Nations Conference on Trade and Development, Geneva: United Nations, 2015. Disponível em: http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/ier2015_en.pdf.
UNTACD − United Nations Conference on Trade and Development. Digital economy report 2019. Value creation and capture: implications for developing countries. Geneva: United Nations, 2019.
Notas
1. De acordo com Du Rausas et al. (2011, apud BUKHT; HEEKS, 2017), a ideia da “economia da internet”, encontrada nos relatórios da McKinsey, diz respeito à contribuição para o PIB da atividade econômica habilitada para a internet. A economia da internet pode ser calculada por meio de uma abordagem baseada em despesas, usando uma proporção do custo para equipamentos do usuário final, como PCs (% do tempo gasto on-line/% de todo o tempo usado), todas as figuras de comércio eletrônico, todas as despesas de assinatura da internet e balança comercial com base na proporção do comércio que é habilitado para a Web (para a OCDE estimado em 70% de software e serviços mais 40% de hardware / despesas de telecomunicações, mas muito mais baixo em alguns países em desenvolvimento como, por exemplo, a Índia).
2. Ressalte-se que a pesquisa TIC Empresas (CGI.BR, 2020a) revelou que o uso de análise de Big Data no Brasil ainda é incipiente, prevalecendo entre grandes empresas que atuam no setor de informação e comunicação. Em 2019, tendo como base as empresas que possuem uma área ou departamento de TI (40% das empresas brasileiras), apenas 10% afirmaram executar análise de Big Data e somente 5% desse universo afirmaram realizar impressão 3D, sendo a maioria delas do setor industrial (10%). Já em relação ao uso da robótica em empresas que possuem área ou departamento de TI, a pesquisa aponta que 4% usaram robôs industriais e 2% robôs de serviço (segurança, limpeza ou transporte).
3. Sobre as novas tecnologias digitais ver Iedi (2017).
4. A 4a revisão na nomenclatura ISIC (International Standard Industrial Classification) das Nações Unidas definiu quais atividades são presentes na TIC: a produção e distribuição de informação e produtos culturais; o fornecimento dos meios de transmissão ou distribuição desses produtos; bem como dados ou comunicações, atividades de tecnologia da informação e processamento de dados e outras atividades de serviços de informação. Os principais componentes desta seção são atividades de publicação (divisão 58), incluindo software de atividades de publicação, filme e gravação de som (divisão 59), transmissão de rádio e TV e atividades de programação (divisão 60), atividades de telecomunicações (divisão 61) e atividades de tecnologia da informação (divisão 62) e outras atividades de serviços de informação (divisão 63).
5. Ver estudo do IBGE sobre o setor de TIC: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv41716.pdf.
6. Vale lembrar que, para efeito desse processo de seleção, o conceito de cadeia produtiva das TICs é o de um conjunto de etapas consecutivas pelas quais os produtos e serviços vão sendo criados, transformados e disponibilizados no mercado.
7. Cabe destacar que, para efeito do presente trabalho, a cadeia produtiva das TICs incluiu as seguintes divisões definidas na classificação ISIC (2008): 61 (telecomunicações); 62 (atividades dos serviços de tecnologia e informações); e 63 (atividades de prestação de serviços de informação). Além disso, foram adicionadas também as seguintes divisões: indústria de hardware da divisão 26; o comércio atacadista e o varejo das CNAEs 4651 (atacado de computadores, periféricos e suprimentos de informática), 4652 (atacado de componentes eletrônicos e equipamentos de telefonia e comunicação) e 4751 (varejo de equipamentos e suprimentos de informática); e duas atividades nas CNAEs 9512 (reparação e manutenção de equipamentos de comunicação) e 9511 (manutenção de computadores e periféricos). Por fim, registre-se que foram retiradas da seleção das contas regionais da Fundação Seade as seguintes divisões da classificação da ISIC: 58 (edição e edição integrada à impressão); 59 (atividades cinematográficas, produção de vídeo e programas de televisão); e 60 (atividades de rádio e televisão).Ver: https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/eur-scientific-and-technical-research-reports/2018-predict-dataset-methodology, páginas 6, 7 e 8.
8. Os PIBs regionais divulgam os resultados definitivos com defasagem de dois anos, aguardando as pesquisas estruturais do IBGE. A última informação do PIB dos estados pelo IBGE foi para 2018. As estimativas trimestrais do PIB de São Paulo mais atualizadas agregam as TICs no segmento de demais serviços, impossibilitando uma avaliação mais recente sobre a evolução do segmento.
9. O cenário que se vislumbrou nas comunicações móveis e, portanto, nos investimentos realizados na economia paulista vai além do que o “rótulo 4G” significou. Hoje, a realidade é a de que as inovações radicais das TICs deverão continuar estimulando o setor no estado nos próximos anos. Este quadro será completado com os protocolos das modalidades 5G, em que o futuro não estará somente no crescimento das taxas de transmissão de dados ou numa nova air interface, mas também na ascendente interconexão de sistemas heterogêneos.
10. Web 2.0 foi criada em 2004 pela empresa americana O’Reilly Media. É um termo usado para designar uma segunda geração de comunidades e serviços oferecidos na internet, tendo como conceito a Web e por meio de aplicativos baseados em redes sociais e tecnologia da informação.
11. O montante de Valor Adicionado levantado no agregado da cadeia produtiva das TICs, em 2018, é praticamente o mesmo valor registrado nas TICs segundo as Contas Regionais da Fundação Seade (R$ 103,6 bilhões). A diferença está na composição setorial de cada um dos agregados das TICs (contas regionais e cadeia produtiva), devidamente explicada na nota 4.
12. Os gastos com softwares e banco de dados (serviços de tecnologia da informação), classificados pelo IBGE como “desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação”, significaram 4,3% do total da FBCF no início da década, próximo ao peso da Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Dados mais recentes da Tabela de Recursos e Usos (TRU) do IBGE ,de 2017, registraram crescimento nominal destes gastos, entre2 010 e 2017, cinco vezes maior do que a expansão nominal da FBCF neste mesmo período, elevando a participação das despesas em serviços digitais na FBKF de 4,3% para 8,0%, neste período (IEDI, 2020).
13. Vale registrar que a produção de software e os serviços de consultoria e apoio técnico em TIC atingiram2 ,1% da participação do PIB do Estado de São Paulo, cifra superior ao VA registrado na atividade industrial paulista do setor de material de transporte (1,8%) e na indústria de alimentos (2,0%) (Tabela 1).
14. Esse debate encontra-se detalhado em Rivera et al. (2015) e Filippin (2016).
15. No caso do setor de telecomunicações, encontra-se em curso a formatação do edital de concorrência pública para a implantação da tecnologia 5G no Brasil. Essa situação pode explicar a desaceleração mais recente dos investimentos neste setor.
16. Segundo relatório da consultoria de análise de dados GlobalData, o mercado de internet das coisas (IoT) deve movimentar mais de US$ 30 bilhões na América Latina até 2023, sendo o Brasil o principal mercado na região. Esta consultoria aponta que o segmento brasileiro de IoT tem crescido a uma taxa anual de 20% e este avanço de dois dígitos deve ser mantido nos próximos anos. Ver: https://abessoftware.com.br/regime-tributario-e-incentivos-fiscais-ajudarao-a-destravar-o-potencial-de-iot-no-brasil/.
17. Para mais detalhes, ver Filippin (2016), Brasil (2018) e Iedi (2019 e 2020).
18. A Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), em seu Relatório Setorial de 2017 (p. 22), chama a atenção para a assimetria envolvendo a integração global das empresas filiais brasileiras no comércio internacional pelo fato de elas participarem muito mais como compradoras de produtos e serviços das redes internacionais ou com processos produtivos que visam apenas a montagem de produtos no mercado interno.
19. Segundo as informações da Rais, a média salarial dos empregados no setor de software no Estado de São Paulo, em 2018, foi de R$ 6.442, quase o dobro da média nacional (R$ 3.896) e acima da média salarial do emprego formal do estado (R$ 3.379) e do setor de TIC s(R$ 5.490).
20. Segundo a Abesoftware (Associação Brasileira de Software), em 2018, 5.294 empresas atuavam no desenvolvimento e produção de software no mercado brasileiro, representando um aumento de 150% em relação ao número de empresas registradas em 2010 (2.117). Dentre as maiores empresas nacionais destacam-se Totvs, Brasoftware, Stefanini IT Solutions e AeC.
21. No Estado de São Paulo, a média salarial das atividades voltadas para fabricação de hardware e componentes foi de R$ 4.482, em 2018, nível inferior à média do segmento de software no Estado, mas 14,0% acima do salário médio dessa indústria no Brasil (R$ 3.940).
22. Observa-se que o e-commerce vem se expandindo no território paulista, com as transformações de algumas lojas tradicionais, cujas plataformas de negócios estão mudando a composição do comércio varejista no país, a partir do alinhamento de suas estruturas organizacionais e produtivas às novas ferramentas digitais. Podem ilustrar esse movimento Magazine Luiza, Via Varejo, Lojas Americanas, Global Fashion Group (dono da Dafiti) e Amazon, identificadas como as cinco principais líderes do comércio eletrônico no Brasil (VALOR ECONÔMICO, 23/08/2021).
23. O Programa Via Rápida foi lançado em julho de 2011, pelo governo do Estado de São Paulo, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). Na sua origem, teve como preocupação principal oferecer cursos básicos de qualificação profissional de acordo com as demandas regionais e com o mercado de trabalho local. Com duração de até 100 horas, os cursos podiam ser realizados nas escolas móveis do Via Rápida ou em salas de aula do Estado, do município ou de outras associações. O objetivo sempre foi capacitar gratuitamente uma população que está em busca de oportunidade no mercado de trabalho ou que deseja ter seu próprio negócio.
24. Concebido em trilhas de formação, o SP Tech permite aos alunos que concluírem os cursos introdutórios de tecnologia a possibilidade de progressão para outros cursos mais avançados, ofertados pelo programa em parceria com empresas privadas. Entre os cursos mais avançados, há quatro opções de trilhas formativas: Ciência de Dados, Desenvolvimento Web/Front-End, Desenvolvimento Web/Back-End e Desenvolvimento Web/Full-Stack. Além disso, os concluintes dos cursos introdutórios de tecnologia também poderão realizar um módulo complementar de
empreendedorismo, disponibilizado pelo Sebrae, possibilitando acesso a crédito com condições especiais e taxas mais baixas no Banco do Povo.
25. Essa inciativa vai ao encontro da preocupação de Gaetani e Almeida (2021), que recomendam, para minimizar o déficit de habilidades digitais, (re)qualificação profissional massiva, em especial na faixa de 18 a 25 anos. Na opinião dos autores, não há iniciativa com benefícios mais estratégicos do que essa. Para eles, o retorno social deste investimento é sistêmico, já que estes conteúdos e habilidades são aplicáveis em todos os segmentos da economia do país. Vale ressaltar, contudo, que essa medida deve atender às necessidades de treinamento e acolher às demandas por habilidades, de preferência com o alinhamento dos currículos universitários aos perfis sinalizados pelo mercado de trabalho. Com essa orientação poderiam ser evitados os mesmos erros cometidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) no âmbito do Brasil Mais Digital, para jovens na mesma faixa etária.
26. Segundo o Relatório de Avaliação da Lei de Informática (Ciclo 2019), 38% das empresas beneficiárias da Lei da Informática, entre 2006 e 2016, localizam-se no Estado de São Paulo, seguindo pelo Estado de Minas Gerais, com 15% dos recursos.
27. Testbeds são plataformas de testes para comprovar a viabilidade técnica e econômica de soluções vinculadas às manufaturas avançadas (indústria 4.0). Entre os dez projetos das denominadas “Fábricas do Futuro” selecionados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), no âmbito da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, cinco deles encontram-se em entidades localizadas no Estado de São Paulo. São elas: Parque Tecnológico de São José dos Campos; Escola Politécnica de São Paulo; Metalsa, em Osasco; Universidade do ABC (UFABC), em Santo André; Embraer, em São José dos Campos e Justino de Morais, Irmãos (Jumil), em Batatais. Informações extraídas de https://www.abdi.com.br/postagem/abdi-divulga-entidades-selecionadas-para-testar-tecnologias-de-industria-4-0.
28. Constituídas para alcançar um modelo de negócio escalável e lucrativo, em condições de extrema incerteza, segundo Delloite (2018), as startups buscam transformar seus negócios mais rapidamente do que as empresas tradicionais, valendo-se de uma estrutura pequena, criativa e ágil. Em sua grande maioria, as startups nascem de demandas provenientes das empresas e dos consumidores, a partir do uso e difusão das plataformas digitais. Destaque-se que, em 2020, o Estado de São Paulo reuniu cerca de 1/3 do total de startups existentes no Brasil, abrangendo significativa diversidade de setores, com destaque às intechs (13,5%), empresas voltadas aos serviços financeiros (DISTRITO, 2020).
29. A pesquisa TIC Empresas (CGI.BR, 2020a) aponta que 54% das empresas brasileiras, em 2019, possuíam website ou tinham perfil em alguma rede social, contra 57% registrado em 2015. Esse resultado revela a dificuldade de se ampliar a proporção de posse de website entre as empresas, sobretudo naquelas de pequeno porte, lembrando que essa ferramenta se revela essencial para que as empresas possam ter maior contato com clientes e a possibilidade de acesso a outros mercados.
30. A tecnologia blockchain é um registro de informações distribuído por uma cadeia de blocos de dados, conectados uns aos outros por um sistema que utiliza funções hash criptográfica, com elevada proteção das informações e aplicações no mercado financeiro. Esta tecnologia faz parte constitutiva de novas formas de armazenar informações com segurança e tem potencial de ser usada em vários setores, como a logística, por exemplo. Com ela é possível catalogar, rastrear, certificar e autenticar inúmeros processos e negociações realizadas no processo econômico (CHERVINSSKI; KREUTZ, 2019).
31. Ressalte-se que, nos últimos anos, houve ampliação da rede de infraestrutura de telecomunicações, que permitiu a melhoria do acesso à internet, para as empresas e famílias no país. Em relação aos usuários com acesso à rede de internet no Brasil, em 2019, esse número chegou a 134 milhões, representando 74% da população acima de dez anos de idade, com 71% dos domicílios com acesso à rede, segundo a pesquisa TIC Domicílios (CGI.BR, 2020b).
Fonte: Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)/Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br); Fundação Seade.