abril.2022

Infraestrutura de acesso às TICs no domicílio e acesso individual à internet no Estado de São Paulo

Introdução

A conectividade à Internet nos domicílios brasileiros vem crescendo nas últimas décadas e as tecnologias digitais, cada vez mais, se tornam necessárias para a inserção dos indivíduos no mundo do trabalho e para o acesso à educação e a bens culturais.

A partir dos dados da pesquisa TIC Domicílios,1 edições 2019 e 2020, a presente análise aferiu e caracterizou as formas de acesso da população paulista à Internet, suas principais características e as mudanças observadas entre os dois anos investigados.2

Os resultados inéditos mostram que medidas implementadas frente à pandemia da Covid-19 e a migração de atividades presenciais para o ambiente digital levaram a um aumento da demanda por Internet nos domicílios, investimentos na aquisição de equipamentos informáticos e ampliação no número de usuários da Internet. A pandemia impulsionou esse movimento e as medidas de distanciamento social revelaram, concomitantemente, a necessidade de acesso às TICs e a desigualdade no seu acesso.

Infraestrutura e acesso à Internet no Estado de São Paulo

Em 2020, no Estado de São Paulo, apenas uma a cada dez residências estava desconectada da Internet. Nesse ano, 89% dos domicílios possuíam acesso à rede, o que representa cerca de 13,6 milhões de residências3 e revela um notável incremento em relação ao ano anterior, cuja taxa de cobertura foi de 76%.

A expansão no acesso à rede pode estar associada à pandemia, que exigiu a ampliação da conexão à rede em decorrência das medidas de isolamento social e do avanço das práticas de trabalho e de ensino remotos.

Gráfico 1 – Domicílios com acesso à Internet

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

A ampliação do acesso verificada no biênio não representou alteração na infraestrutura de conexão à Internet nos domicílios. As residências paulistas continuam sendo servidas preponderantemente por banda larga fixa (67%) e conexão móvel via modem ou chip (24%). São conexões bastante díspares quanto às oportunidades que propiciam aos usuários que, comumente, encontram condições mais restritas na conexão à Internet por celular.

Gráfico 2 – Domicílios com acesso à Internet, por tipo de conexão

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

(1) Abrange conexão via cabo de TV ou fibra ótica, conexão via linha telefônica (DSL), conexão via rádio e conexão via satélite.
Nota: Exclui domicílios com conexão discada em razão dos baixos percentuais observados, inferiores a 1%.

Os efeitos da Covid-19 podem ser associados ao aumento no gasto para conexão dos paulistas à Internet. Elevou-se em 10% a quantidade de domicílios que gastam mais de R$ 100 na sua conectividade, enquanto diminuiu a proporção de residências que alocam até R$ 60 para acessar a web.4

Gráfico 3 – Distribuição dos domicílios com acesso à Internet, por valor mensal pago pela principal conexão

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

Entre 2019 e 2020 houve um aumento na proporção de domicílios com computadores conectados à Internet, padrão ideal de acesso à rede, presente em mais da metade das residências. Esse incremento pode estar associado à necessidade de realização de atividades remotas de maior complexidade, tais como trabalho ou estudo à distância. Necessário salientar a redução de dez pontos percentuais na proporção de domicílios que não possuem nem computador, nem conexão à Internet, reduzindo sua participação à metade do registrado na pré-pandemia.

Contudo, em 35% das unidades (cerca de 5,3 milhões de residências) há conexão com Internet, mas não a presença de computadores. Isso sugere acesso à web apenas pelo celular nesses domicílios, conexão que dificulta o uso da rede para educação e trabalho on-line.

Gráfico 4 – Domicílios, por presença de computador e conexão à Internet

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

Acesso individual à Internet

A ampla maioria dos residentes com mais de 10 anos em São Paulo (83%) é classificada como usuária da Internet,5 correspondendo a cerca de 32 milhões de pessoas,6 com incremento de seis pontos percentuais em relação ao período pré-pandemia.

Esse aumento deve estar associado às necessidades decorrentes das medidas de isolamento social e migração de atividades, como trabalho7/educação, para o ambiente remoto. Houve ainda suspensão de atendimento presencial em serviços públicos e no comércio e exigência de instalação de aplicativos em celulares, para acesso a benefícios como o Auxílio Emergencial.

Por outro lado, apesar de reduzido (12%), persiste no Estado o cômputo de 4,7 milhões de pessoas8 que declararam nunca ter acessado à rede, índice inferior ao registrado em 2019.

Gráfico 5 – Indivíduos, por período de último acesso à Internet

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

O contexto da Covid-19 pode ser relacionado ao incremento na utilização de notebooks e computadores de mesa pelos usuários da Internet no Estado. Na pandemia, se manteve a tendência, já verificada em anos anteriores, de crescimento no uso de televisores conectados à Internet (Smart TVs).

Vale lembrar que o incremento do acesso à Internet por meio de computadores ou notebooks, aliado ao desenvolvimento de um conjunto mais amplo de habilidades digitais entre seus usuários, representa a abertura de oportunidades não necessariamente propiciadas por outros equipamentos, como no caso do celular.

Gráfico 6 – Usuários de Internet, por tipo de dispositivo utilizado

Estado de São Paulo – 2019-2020, em %

 

Notas
1. Os dados são originários da Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros – TIC Domicílios, edições 2019 e 2020, realizadas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O universo da pesquisa é composto por domicílios particulares permanentes brasileiros e pela população com 10 anos de idade ou mais residente em domicílios particulares permanentes no Brasil. Nesse estudo foram calculadas as
estimativas para o Estado de São Paulo separadamente, no âmbito do plano de trabalho do convênio entre a Fundação Seade e o Cetic.br/NIC.br.
2. Existem diferenças na metodologia de coleta entre as edições 2019 e 2020 da TIC Domicílios, em razão das limitações impostas pela pandemia. Enquanto em 2019 todas as entrevistas previstas na amostra foram realizadas presencialmente, na tomada de 2020 parte delas ocorreram por meio de ligações telefônicas, complementada por visitas-entrevistas presenciais no domicílio, de modo a garantir a realização e representatividade da amostra planejada. A coleta da edição 2020 ocorreu entre outubro de 2020 e maio de 2021. A despeito das adaptações na forma de coleta, as informações obtidas são estatisticamente comparáveis.
3. Conforme estimativas elaboradas pela Fundação Seade.
4. É possível estabelecer uma aproximação para estimar se esse gasto é ou não elevado, a partir dos parâmetros da Broadband Commission for Sustainable Development, da União Internacional de Telecomunicações (UIT). A comissão estima que o valor gasto no acesso à Internet não deveria ultrapassar 2% da renda domiciliar per capita. Tomando por parâmetro a renda domiciliar per capita no Estado de São Paulo, estimada em R$ 1.465, em 2019, a partir dos dados do IBGE-PNAD Contínua 2020, e a meta proposta pela UIT, o dispêndio com Internet entre as famílias residentes no Estado não deveria ultrapassar o valor mensal de R$ 30.
5. A pesquisa define como usuário de Internet a pessoa que utilizou a rede há menos de três meses em relação ao momento da entrevista, conforme definição da União Internacional de Telecomunicações (2014).
6. Conforme projeções populacionais elaboradas pela Fundação Seade.
7. O trabalho remoto concentrou-se nos estratos de maior renda e escolaridade, que já eram bastante conectados.
8. Conforme projeções populacionais elaboradas pela Fundação Seade.

 

 

Fonte: Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)/ Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros – TIC Domicílios 2019 e 2020; Fundação Seade.
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