maio.2023

Atividades realizadas na internet

A presente edição do Seade SP TIC analisa as atividades realizadas na internet pelos residentes no Estado de São Paulo, a partir dos dados da pesquisa TIC Domicílios1 de 2019 e 2021.

Os dados reafirmam o uso da internet como ferramenta para comunicação (envio de mensagens e chamadas de voz ou de vídeo) e fruição de conteúdo multimídia. São essas as atividades de maior frequência, facilmente executadas por meio de celular e suportadas pelos pacotes de dados mais acessíveis.

Já as atividades on-line relacionadas a exercício do trabalho, acesso a serviços públicos e participação em cursos à distância são praticadas em menor proporção. Isso ocorre porque, em parte, tais ações requerem melhores condições de acesso à internet (dispositivos e pacotes de dados), sendo mais comumente observadas entre as classes2 A/B. Em suma, a renda é o marcador que mais diferencia os usuários quanto à realização de atividades na internet.

Assim como na edição anterior do Seade SP TIC, os dados de São Paulo são cotejados com os do Brasil para auxiliar na compreensão da realidade paulista.

Os dados da pesquisa sinalizam estabilidade nas tendências de uso da rede, de forma mais acentuada em São Paulo do que no restante do país.

Atividades realizadas na internet

Atividades de comunicação foram as mais prevalentes entre os usuários de internet do Estado de São Paulo, em 2021, destacando-se o envio de mensagens instantâneas efetuado por 94% dos usuários, seguido por chamadas de voz ou vídeo (87%) e uso de redes sociais (83%). Conversar por chamada de voz ou de vídeo foi a atividade relacionada à comunicação que registrou o maior crescimento em relação ao período pré-pandemia, com uma diferença de 11 pontos percentuais na comparação com 2019. Apesar de consolidadas, as atividades de comunicação on-line ainda são mais prevalentes nas classes A/B do que nos estratos mais pobres.

As taxas do Brasil são similares às paulistas, reflexo da quase universalização do acesso a telefones celulares no país.3 Necessário recordar que 64% dos usuários da internet no país acessam a rede exclusivamente por meio de telefones celulares,4 sendo que a comunicação on-line ocorre majoritariamente por esses dispositivos.

Gráfico 1 – Usuários de internet, segundo atividades de comunicação

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

No Estado de São Paulo, a busca por informações relacionadas à saúde (55%) e a realização de consultas, pagamentos e transações financeiras (53%) estiveram entre as principais atividades na internet, ambas com intensificação em relação a 2019. É provável que a maior procura por informações de saúde possa estar associada aos esforços de prevenção e tratamento da Covid-19. Essa prática pode ter sido impulsionada também pelo incremento da telemedicina e realizações de consulta on-line, crescentes desde sua autorização pelo governo federal, em 2020.5

O aumento do uso de aplicativos financeiros e serviços como o Pix pode ser apontado como um dos principais fatores que impulsionaram a realização de transações financeiras on-line, que também pode ter sido influenciado pelas medidas decorrentes da pandemia. Nesse caso, vale lembrar a concessão do Auxílio Emergencial do Governo Federal, que criou uma conta digital para cada beneficiário, movimentada via aplicativo móvel, visando reduzir atividades presenciais na rede bancária.

Ambas as práticas são mais habituais entre as classes A/B, estratos que efetivamente têm acesso aos aplicativos e serviços fornecidos por instituições financeiras e contam, mais frequentemente, com planos privados que oferecem acesso remoto à saúde.

Embora haja uma propensão de crescimento similar, as taxas de uso da internet para serviços financeiros e busca de informações tendem a ser maiores em São Paulo em comparação com a média nacional.

Gráfico 2 – Usuários de internet, segundo atividades de consultas, pagamentos, outras transações financeiras e busca de informações relacionadas à saúde

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

A interação com a administração pública pela internet se manteve em patamares estáveis entre 2019 e 2021, revertendo tendência de crescimento verificada durante a pandemia.6 Nesse contexto, o acesso a serviços públicos pela internet havia registrado elevação em função da ampliação dos serviços públicos disponibilizados on-line, como o pagamento do auxílio emergencial, prova de vida digital, carteiras digitais de trânsito e de trabalho. Esses índices arrefeceram-se, em 2021, recuando a patamares próximos aos registrados no período pré-pandemia.7

Os índices de uso em São Paulo e no Brasil são similares e sinalizam a necessidade de incremento do relacionamento digital entre governo e sociedade para fomento da cidadania digital, no sentido de ampliar o acesso e a economia de tempo e despesas com deslocamentos.

Gráfico 3 – Usuários de internet, segundo atividades de interação com administração/autoridades públicas

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

O consumo de conteúdo multimídia on-line permaneceu relativamente estável em 2021, com exceção do hábito de ouvir podcast, ampliado entre os dois anos. O formato podcast possui benefícios em relação às mídias convencionais (televisão aberta, rádio ou jornais), já que é disponibilizado conforme a demanda do usuário, sendo compatível com vários tipos de dispositivo e adaptado de acordo com as preferências do público-alvo. Tal aumento pode estar relacionado à expansão de plataformas de streaming que disponibilizam esse formato de conteúdo e à disseminação de conteúdo nacional nessas plataformas.8

Com exceção do acesso aos podcasts, há relativa estabilidade no ritmo de crescimento entre as proporções dos que informaram acessar conteúdo multimídia em São Paulo e no Brasil.

Quase um quinto dos usuários de internet no Estado de São Paulo declarou ter participado de cursos a distância (19%) nos três meses anteriores à pesquisa. No entanto, a realização de pesquisas ou atividades escolares, efetuadas majoritariamente entre os indivíduos em idade escolar, segue mobilizando parcela dos usuários, acompanhada por aqueles que estudavam na rede por conta própria.

O uso da internet para atividades de trabalho foi citado por 39% dos usuários do Estado em 2021, patamar superior ao registrado em 2019.

Gráfico 4 – Usuários de internet, segundo atividades de multimídia

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

 

Assim como em São Paulo, a utilização da internet como meio de aprendizado tem sido adotada no Brasil, o que reflete a disseminação da rede como uma ferramenta de estudo e pesquisa. No entanto, fatores como velocidade da rede, pacote de dados e dispositivo utilizado ainda limitam as oportunidades de uma parcela da população de aproveitar os benefícios dessa plataforma de aprendizagem.

Gráfico 5 – Usuários de internet, segundo atividades de educação e trabalho

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

De maneira geral, os diferentes usos da internet relacionam-se às condições de acesso às tecnologias, além das habilidades e preferências dos usuários, que são influenciadas por fatores como idade, nível socioeconômico e escolaridade. De fato, o compartilhamento de conteúdo na internet, que exige menos habilidades e recursos, não sofreu variação significativa ao longo do período e segue como prática disseminada, mais frequente do que a postagem de materiais autorais (35%) entre os usuários de internet de São Paulo.

Os índices de utilização da internet para criação ou atualização de blogs, páginas ou sites se mantiveram estáveis e em níveis relativamente similares em São Paulo e no Brasil.

Gráfico 6 – Usuários de internet, segundo atividades de criação e compartilhamento de conteúdo

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

Notas
1. Os dados são originários da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros – TIC Domicílios 2019 e 2021, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O universo da pesquisa é composto por domicílios particulares permanentes brasileiros e pela população com dez anos de idade ou mais residente nesses domicílios no Brasil. Nesse estudo foram calculadas as estimativas para o Estado de São Paulo separadamente, no âmbito do plano de trabalho do convênio entre a Fundação Seade e o Cetic.br|NIC.br.
2. Classe social: corresponde à divisão em AB, C e DE, conforme o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep). A Abep utiliza para tal classificação a posse de alguns itens duráveis de consumo doméstico, mais o grau de instrução do chefe do domicílio declarado. Disponível em:
https://www.abep.org/Servicos/Download.aspx?id=09. Acesso em: 24 abr.2023.
3. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros [livro eletrônico]: TIC Domicílios 2021. 1. ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2022. p. 68.
4. Disponível em: https://sptic.seade.gov.br/wp-content/uploads/sites/16/2023/01/Sptic-janeiro-2023-acessos-usos-internet-celular.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.
5. Lei n. 13.989, de 15 de abril de 2020. Dispõe sobre o uso da telemedicina durante a crise causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L13989.htm.
6. Apesar das diferenças metodológicas entre a edição da TIC Domicílios 2020 e os dados que alimentam o presente boletim, essa pesquisa havia identificado ampliação do acesso aos serviços públicos pela internet, em 2020, citado por cerca de 50% dos entrevistados. SEADE SP TIC. Atividades realizadas pela internet. Disponível em:
https://sptic.seade.gov.br/wp-content/uploads/sites/16/2022/07/SPTIC_Tic_Produto8_2022jul.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.
7. Vale lembrar que, em 2020, esse percentual esteve em torno de 45%. Disponível em: https://sptic.seade.gov.br/wp-content/uploads/sites/16/2022/07/SPTIC_Tic_Produto8_2022jul.pdf.
8. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros [livro eletrônico]: TIC Domicílios 2021. 1. ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2022. p. 78.

 

 

Fonte: Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)/Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros – TIC Domicílios 2019 e 2021; Fundação Seade.

 

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