junho.2022

Acesso e usos da internet pelo celular

As tecnologias digitais assumiram papel fundamental para o acesso à informação e promoção do bem-estar durante a pandemia de Covid-19, afetando dimensões como trabalho e renda, educação, saúde, lazer e cultura.

A partir dos dados da pesquisa TIC Domicílios,1 edições 2019 e 2020, a presente análise quantificou e caracterizou a posse de telefones celulares e os acessos e usos da internet por meio desses aparelhos2 entre os residentes no Estado de São Paulo.

Os resultados apontam que o uso de celulares é cada vez mais disseminado no Estado e aproximadamente metade dos usuários da internet conta apenas com este dispositivo para acessar a rede.
Houve uma migração entre usuários de planos pré-pagos para pós-pagos no biênio e um incremento da aquisição de chips 3G ou 4G, proporcionando mais previsibilidade no pagamento dos pacotes e ampliação do uso móvel dos aparelhos.

Os dados sugerem que a pandemia ampliou a importância da tecnologia na interação entre indivíduos, apoiada no uso de celulares e investimento em planos pós-pagos para acessar a internet. Além da limitação de atividades presenciais, a crescente relevância das TICs resulta do processo de transformação digital de governos e empresas, expandido durante a pandemia, e do incremento no rol de atividades realizadas (em alguns casos, exclusiva ou preferencialmente) por aplicativos de celular.

Na presente edição do Seade SP TIC, os dados de São Paulo são cotejados com os do Brasil para auxiliar na compreensão da realidade paulista.

Uso e posse de telefones celulares

No Estado de São Paulo, em 2020, 92% dos indivíduos com mais de dez anos eram usuários de celulares,3 restando pouco mais de 3 milhões de residentes4 que não utilizaram esse dispositivo no período. Esse dado chama a atenção, pois telefones celulares são equipamentos imprescindíveis para a inclusão digital de populações mais vulneráveis, que não possuem acesso a microcomputadores. As taxas do Brasil são similares às paulistas, reflexo da capilaridade desses dispositivos móveis no país.

Gráfico 1 – Indivíduos que usaram telefone celular nos últimos três meses

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

Em torno da metade dos usuários da internet5 no Estado acessa a rede exclusivamente por meio de telefones celulares. Isso equivale a dizer que cerca de 15,8 milhões de residentes,6 mesmo conectados à web, o fazem por meio de um dispositivo associado ao uso menos diverso da rede e a um desenvolvimento mais limitado de habilidades digitais, em comparação com aqueles que acessam a internet a partir de múltiplos dispositivos.

Essa desvantagem cresce no conjunto do país, já que as taxas de acesso exclusivo por celular no Brasil superam em quase dez pontos percentuais aquelas verificadas no Estado de São Paulo e se mantêm no mesmo patamar entre 2019 e 2020.

Gráfico 2 – Usuários de internet, segundo dispositivo utilizado de forma exclusiva ou simultânea

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

Nota: A soma dos percentuais não atinge 100% devido à exclusão de usuários de internet que utilizaram apenas computador.

Os dados sugerem que houve aumento na adesão de usuários ao modelo pós-pago, sendo que parcela desses provavelmente migrou para pacotes denominados planos controle, em busca de melhores preços para a utilização de pacotes de banda larga e frente à crescente necessidade de acesso à internet. Vale salientar que a modalidade pós-paga propicia o uso mais perene da rede, sem a necessidade de pagamentos antecipados, e previne interrupções no acesso com o fim dos créditos. Consequentemente, ampliam-se e diversificam-se as possibilidades de uso seja para comunicação, seja para atividades de busca, acesso a serviços ou informações.

A modalidade de pagamento diferencia os proprietários de celular no Brasil e em São Paulo. Para o total do país persiste uma maioria que adota a modalidade pré-paga, sendo que o avanço do modelo pós-pago foi mais tímido em comparação ao verificado em São Paulo.

Gráfico 3 – Indivíduos que possuem telefone celular, segundo tipo de plano de pagamento

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

Nota: A soma das porcentagens não atinge 100% devido à exclusão das categorias não sabe/não respondeu.

Nesse cenário, o contingente de usuários de internet pelo telefone celular foi ampliado, em 2020, passando a representar quase nove entre dez indivíduos no Estado. Em apenas um ano, mais de 2,1 milhões desses residentes passaram a acessar a rede pelo celular. O aumento do contingente de indivíduos que acessam a internet pelo celular verificado em São Paulo também ocorreu no Brasil.

Gráfico 4 – Indivíduos que usaram internet no telefone celular nos últimos três meses

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

A pesquisa registra um acréscimo de usuários da internet pelo celular que utilizam conexão móvel (3G ou 4G) para acessar a rede em São Paulo. No biênio, esse cômputo foi elevado em nove pontos percentuais e atingiu, em 2020, patamar semelhante ao do Wi-Fi. Esse comportamento parece sugerir um investimento por parte dos usuários na qualidade da conexão à internet pelo telefone celular, não obstante a maior permanência de parcela dos usuários no ambiente doméstico, uma vez que a pandemia e as medidas de distanciamento social impulsionaram a migração de atividades para o ambiente online, como o trabalho remoto, estudos, acesso a serviços públicos e transações bancárias.

Contudo, a ampliação do 3G/4G verificada em São Paulo não foi registrada no Brasil, onde um quarto dos usuários acessa a rede por celular sem usar essa conexão.

Gráfico 5 – Usuários de internet pelo telefone celular, por tipo de conexão utilizada

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

De fato, a migração de usuários de planos pré-pagos para pós-pagos e o crescimento de dispositivos conectados por 3G/4G impulsionaram os diferentes usos do celular no biênio analisado. A TIC Domicílios identificou que mais usuários passaram a diversificar as formas de utilização do celular, incluindo, além das mensagens instantâneas, o envio de e-mails, o acesso a páginas e sites, a busca de informações em geral, a instalação de aplicativos e a interação em redes sociais.

Essa ampliação nos usos indica a utilização do celular e de seus variados recursos na realização das mais diferentes atividades do dia a dia das pessoas.

As taxas de realização de atividades pelo celular entre os brasileiros, apesar de ampliadas no biênio, são inferiores aos índices verificados nas médias paulistas. Em 2020, as utilizações mais próximas a essas médias são envio de mensagens instantâneas, uso de redes sociais e baixar aplicativos (download).

Gráfico 6 – Usuários de telefone celular, por atividades realizadas no dispositivo nos últimos três meses

Brasil e Estado de São Paulo, 2019-2020, em %

 

Notas
1. Os dados são originários da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros − TIC Domicílios, edições 2019 e 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O universo da pesquisa é composto por domicílios particulares permanentes brasileiros e pela população com dez anos de idade ou mais residente em domicílios particulares permanentes no Brasil. Nesse estudo foram calculadas as estimativas para o Estado de São Paulo separadamente, no âmbito do plano de trabalho do convênio entre a Fundação Seade e o Cetic.br|NIC.br.
2. Existem diferenças na metodologia de coleta entre as edições 2019 e 2020 da TIC Domicílios em razão das limitações impostas pela pandemia. Enquanto em 2019 todas as entrevistas previstas na amostra foram realizadas presencialmente, na tomada de 2020 parte delas ocorreu por meio de ligações telefônicas, complementadas por entrevistas presenciais no domicílio, de modo a garantir a realização e representatividade da amostra planejada. A coleta da edição 2020 ocorreu entre outubro de 2020 e maio de 2021. Ainda que os indicadores da edição de 2020 estejam alinhados aos divulgados nas edições anteriores da pesquisa, as comparações devem ser realizadas com cautela, considerando as margens de erro maiores e a mudança no método de coleta.
3. São considerados usuários de celulares os indivíduos de dez anos ou mais que utilizaram o dispositivo para qualquer finalidade, pelo menos uma vez nos últimos três meses que antecedem à pesquisa.
4. Conforme projeções populacionais elaboradas pela Fundação Seade.
5. A pesquisa define como usuário de internet a pessoa que utilizou a rede há menos de três meses em relação ao momento da entrevista, conforme definição da União Internacional de Telecomunicações (2014). No Estado de São Paulo, a parcela usuária da internet equivale a 83% (cerca de 32 milhões de indivíduos) da população com dez anos ou mais.
6. Conforme projeções populacionais elaboradas pela Fundação Seade.

 

 

Fonte: Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)/ Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros – TIC Domicílios 2019 e 2020; Fundação Seade.
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