dezembro.2022

A popularização do podcast

A presente edição do Seade SP TIC analisa o uso da internet para acessar podcasts pelos residentes no Estado de São Paulo, a partir dos resultados da pesquisa TIC Domicílios 2019 e 2021.1 Os podcasts apresentam conteúdo multimídia disponibilizado por meio de arquivos de formatos diversos ou streaming.

O avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC no Brasil, associado à disseminação da internet, tem alterado hábitos arraigados ao longo de décadas, tais como as formas de obter entretenimento, acessar informações, desenvolver habilidades e estudar.

No contexto dessa revolução digital, acelerada no período de pandemia de Covid-19, o Brasil presenciou a popularização do podcast,2 formato que apresenta vantagens em comparação às mídias tradicionais, pois pode ser consumido sob demanda, funciona em diversos dispositivos e é customizado conforme o interesse da audiência, uma vez que costuma abordar assuntos específicos.

Esse formato se popularizou com o aparecimento de plataformas de streaming de áudio, tais como Spotify e Sound Cloud, primeiros canais de consumo de podcasts. A música foi a porta de entrada do formato; nos últimos anos, grandes veículos de comunicação brasileiros entraram nesse mercado e muitas marcas passaram a encarar o podcast como um canal de marketing, por permitir comunicação com audiências segmentadas.

O público em geral procura nos programas de podcast informações e/ou entretenimento. Além disso, é muito comum que a audição dessa mídia ocorra paralelamente a outras atividades da rotina diária, como tarefas domésticas, atividades físicas, no trânsito ou no caminho do trabalho ou da escola, o que aumenta sua atratividade.

Podcast e outros usos entre usuários paulistas

No Estado de São Paulo, entre 2019 e 2021, a audição de podcasts entre os usuários de internet3 quase dobrou: passou de 16% para 31%. Esse aumento está apoiado na popularização dos smartphones, no aparecimento das plataformas de streaming de áudio e na ampliação do acesso à internet. Além disso, os resultados indicam possíveis mudanças de hábitos de consumo de conteúdo incentivadas pelo distanciamento social do período da pandemia: enquanto a audiência de podcasts aumentou no período, a leitura de jornais, revistas ou notícias pela internet registrou declínio. Já as elevadas proporções de público que assistiam vídeos, programas e séries pela rede permaneceram estáveis.

Gráfico 1 – Usuários de internet, por atividades selecionadas realizadas na rede – multimídia

Estado de São Paulo, 2019-2021, em %

A análise do perfil dos usuários de internet paulistas que ouvem podcast permite constatar que, conforme mais elevada é a escolaridade,4 maior é a audiência desse tipo de programa. Em 2021, no Estado de São Paulo, aproximadamente metade desse público possuía formação superior, um terço contava com o ensino médio e em torno de 15% havia obtido apenas o ensino fundamental. Esse
comportamento reforça o papel da escolaridade para as escolhas e usos da rede.

Da mesma forma, o acesso às TICs pode ser mais bem compreendido quando associado a outros fatores socioeconômicos, o que também se aplica ao público dos podcasts. Para usufruir dessa mídia, o usuário pode acessar o conteúdo on-line em sites ou blogs ou por meio de plataformas de áudio ou ainda dispor de aplicativos de podcast. De todo modo, trata-se de uma opção que supõe algum investimento no acesso e uso da internet.

Gráfico 2 – Usuários de internet que ouviram podcast pela rede, por escolaridade

Estado de São Paulo, 2021, em %

De fato, a condição socioeconômica parece ser fator relevante para a compreensão do perfil dos ouvintes de podcast.5 No Estado de São Paulo, os usuários de internet que ouvem podcast se concentram mais significativamente nas classes A/B, estrato social que possui os melhores dispositivos de acesso à internet, faz uso diversificado desses equipamentos e investe em conexão à rede de melhor qualidade.6 Por outro lado, usuários com menor poder aquisitivo (classes D/E) têm maiores limitações em relação a equipamentos e qualidade da conexão.

Gráfico 3 – Usuários de internet que ouviram podcast pela rede, por classe socioeconômica

Estado de São Paulo, 2021, em %

Notas
1. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros − TIC Domicílios, edições 2019 e 2021, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O universo da pesquisa é composto por domicílios particulares permanentes brasileiros e pela população com dez anos de idade ou mais residente em domicílios particulares permanentes no Brasil. No presente boletim foram calculadas as estimativas para o Estado de São Paulo separadamente, no âmbito do plano de trabalho do convênio entre a Fundação Seade e o Cetic.br|NIC.br.
2. Conforme o Listen Notes (2022), mecanismo de busca especializado em podcasts com cerca de três milhões deles indexados, o Brasil é atualmente o segundo país com mais podcasts (195 mil), atrás apenas dos Estados Unidos (1,9 milhão), e o português é a terceira língua com mais podcasts (205 mil), atrás do inglês (1,8 milhão) e do espanhol (346 mi)l. NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR. Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros: TIC Domicílios 2021. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2022. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20221121125504/tic_domicilios_2021_livro_eletronico.pdf. Acesso em 25 nov. 2022.
3. A pesquisa define como usuário de internet a pessoa que utilizou a rede há menos de três meses em relação ao momento da entrevista, conforme definição da União Internacional de Telecomunicações (2014).
4. Refere-se aos níveis de escolaridade formal (considera a conclusão dos anos/séries com aprovação correspondentes a cada um dos níveis de ensino).

 

 

Fonte: Os dados são originários da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros – TIC Domicílios, edições 2019 e 2021, realizadas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

 

Compartilhe